19 de maio — São Pedro Celestino, Papa e Confessor

Extraído de uma edição de 1928 do livro “Na Luz Perpétua — Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão” 1

Pedro Celestino, eremita, fundador e Papa, nasceu em 1221 em Isérnia, na província de Apúlia. Tendo apenas seis anos de idade, disse à sua mãe: “Mamãe, eu quero ser um bom servo de Deus”. Fielmente cumpriu esta palavra, como se fosse uma promessa feita ao Altíssimo. Apenas tinha terminado seus estudos, quando se retirou para um ermo, onde viveu dez anos. Decorrido este tempo, ordenou-se em Roma e entrou na Ordem Beneditina. Com licença do Abade, abandonou depois o convento, para continuar sua vida de eremita. Como tal, teve o nome de Pedro de Morone, nome tirado do morro de Morone, ao sopé do qual erigira sua cela.

O tempo que passou naquele ermo, foi uma época de grandes lutas, tentações e provações. As perseguições que sofreu do espírito diabólico, foram tão pertinazes, que por longos meses deixou de celebrar a Santa Missa, e chegou quase a abandonar sua cela. A paz e tranquilidade voltaram, depois de Pedro ter aberto o estado de sua consciência a um sábio sacerdote.

Em 1251, fundou, com mais dois companheiros, um pequeno convento, perto do morro Majela. A virtude e santidade dos monges animaram a outros a seguir seu exemplo. O número dos religiosos, sob a direção de Pedro, cresceu de mês em mês, tanto, que o superior, por uma inspiração divina, deu uma regra à nova comunidade, a que denominou Ordem dos Celestinos. Esta Ordem, reconhecida e aprovada por Leão IX, estendeu-se admiravelmente, e ainda em vida de seu fundador contava 36 conventos. Havia dois anos que a Igreja não tinha chefe. Este estado de coisas prometia durar muito tempo, em vista da impossibilidade dos Cardeais chegarem a um acordo. Deus permitiu que a proposta de um Cardeal fosse aceita e Pedro Celestino, ancião de 80 anos, foi tirado do seu ermo e colocado na cadeira de São Pedro. Inútil foi sua resistência e sua fuga. Em 1294 fez a sua entrada em Roma como chefe da cristandade. Os Cardeais convenceram-se, em breve, que não tinham sido felizes na escolha do supremo chefe. Quanto a Pedro, este teve a mesma convicção desde o primeiro dia do seu pontificado. Já em dezembro do mesmo ano, usando do direito que assiste aos Papas, depositou a dignidade Papal nas mãos dos Cardeais e voltou para o seu ermo.

Foi eleito Papa Bonifácio VIII. Este, receando qualquer reação hostil da parte dos Cardeais dedicados a Pedro, estabeleceu uma rigorosa vigilância sobre a pessoa deste e o fechou no castelo de Fumone, perto de Anagni. Pedro, de boa vontade, sujeitou-se a esta medida coercitiva e passou dez meses, por assim dizer, na prisão.

Por uma graça divina, foi conhecedor do dia da sua morte, que predisse com toda exatidão. Tendo recebido os Santos Sacramentos, esperou a morte, deitado no chão. Suas últimas palavras foram as do Salmo 150: “Todos os espíritos louvem ao Senhor”.

Já em 1313 foi honrado com o título de Santo, pela canonização feita por Clemente V.

A Ordem dos Celestinos estendeu-se rapidamente sobre a Itália, França, Alemanha e Holanda, Estimada pelos príncipes, teve ela em todos os países uma bela florescência, até à grande catástrofe religiosa na Alemanha e a Revolução Francesa. Na Itália existem ainda poucos conventos da fundação de Pedro Celestino.

Reflexões

Houve um tempo na vida de São Pedro Celestino que, assustado por terríveis tentações e escrúpulos, o Santo não mais ousou celebrar o Santo Sacrifício da Missa. Entre as pessoas que se aproximam da Mesa Eucarística, há duas categorias: uma representada pelos tímidos e outra pelos audaciosos. Os tímidos receiam acercar-se da Santa Comunhão, julgando-se indignos desta grande graça. Os audaciosos, pelo contrário, não se preocupam com esta eventualidade. Sua preparação é rápida, rotineira e sem atenção alguma. Se estes pecam por excesso de uma falsa familiaridade com Deus, os outros não são menos dignos de censura. A recepção frequente da Santa Comunhão, longe de fazer arrefecer na alma o fervor e a piedade, deve produzir nela um amor cada vez mais ardente a Nosso Senhor e o despertar o desejo de tornar-se-lhe mais agradável, por uma vida santa. Quem pratica a comunhão quotidiana com outras intenções, a não ser com este desejo firme e com a resolução de se desapegar cada vez mais dos pecados e defeitos, não faz dela o uso que Deus quer, e melhor seria que desistisse de uma prática de que nenhum proveito pode auferir, e por cima ainda provocará a justa censura de outros, que não compreendem como possa ser compatível a recepção da Sagrada Comunhão cada dia, com a existência e permanência de defeitos, que exigem do próximo muita paciência para os aturar.

Os outros devem se lembrar de que ninguém é, nem pode ser digno de receber Nosso Senhor em seu coração. Não foi pela indignidade nossa que Jesus Cristo se decidiu a instituir este grande Sacramento. Como entrou nas casas de pecadores e com eles comia à mesa, assim nos visita na Santa Comunhão, com o fim de ser o alimento da nossa alma e de lhe proporcionar as graças de que necessita para a sua santificação.

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  1. PDF desse livro disponível em: https://archive.org/details/pe-joao-baptista-lehmann-na-luz-perpetua-vol-i_202312 

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