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21 de maio — São Pacômio, Eremita
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Extraído de uma edição de 1928 do livro “Na Luz Perpétua — Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão” 1
São Pacômio é o primeiro organizador da vida monástica. Nasceu no ano de 292 na Tebaida, no Egito. Seus pais eram pagãos, que deram a seu filho uma educação como outra não era de se esperar: pagã e cheia de superstições. Pacômio, porém, desde menino mostrou grande aversão à idolatria e seus usos cultuais. Mais de uma vez perturbou as sessões do oráculo, tanto que os espíritos negaram dar sua sentença, enquanto Pacômio estivesse presente. Na idade de vinte anos foi obrigado ao serviço militar, no exército do imperador Maximino.
Na viagem à Europa, travou relações com cristãos, cuja religião até então lhe era desconhecida. Por curiosidade indagou da sua doutrina, cuja simplicidade e beleza lhe agradaram tanto, que fez o voto de se converter. Finda a guerra contra Licínio e Constantino, Pacômio voltou para o Egito, onde recebeu o sacramento do Batismo.
Um dia ouviu falar de um ancião de nome Palemon, que morava no deserto, servindo a Deus na solidão. Para lá foi Pacômio, pedindo ao eremita que o aceitasse como companheiro. Palemon se opôs ao pedido do jovem. “Saiba, meu filho,” — disse-lhe o eremita — “que a vida monástica não é fácil, como talvez penses. Muitos a experimentaram e não perseveraram. Antes de eu te aceitar, é preciso que faças penitência num outro mosteiro. O meu único alimento é pão e sal; a metade da noite, eu a passo em oração e recitação dos salmos”.
Ao ouvir estas palavras, Pacômio se apavorou, mas insistiu que fosse aceito. Palemon, vendo esta firmeza, atendeu ao moço e aceitou-o por companheiro.
Pacômio dedicou-se com grande fervor ao trabalho e à oração. Tendo um dia se afastado bastante da cela do seu mestre, ouviu em oração uma voz lhe dizer: “Fica aqui, Pacômio, e funda um mosteiro. Muitos virão para tua companhia, e tu os guiarás pela regra que eu te darei”.
Apareceu-lhe um Anjo, que lhe deu instruções sobre a vida monástica. Pacômio comunicou a seu mestre o que viu e ouviu e, com a licença e aprovação do mesmo, pôs mãos à obra e fundou um convento em Tabenna, onde Palemon morou algum tempo com seu discípulo. Sentindo-se estar no fim da vida, voltou para sua ermida, onde morreu pouco tempo depois, nos braços de Pacômio.
O primeiro, que se associou a Pacômio, foi seu irmão João, que se fez cristão e, tendo dado toda sua fortuna aos pobres, viveu e morreu pobre e santamente no convento de Tabenna.
Após a morte de seu irmão, vieram muitos monges e eremitas, que pediram admissão no convento de Pacômio.
Esta benção sem dúvida foi a recompensa da perseverança e firmeza que Pacômio mostrou, na luta contra terríveis tentações, que o assaltaram.
Em poucos anos Pacômio fundou oito grandes conventos, que agasalharam sete mil monges. Todos eles viviam na observância da regra que o fundador lhes dera. Cada convento obedecia a um abade e todos eram sujeitos à direção de um superior geral. Os monges vestiam um hábito de linho grosso, sem mangas e um cordão. Nos ombros levavam uma pele de cabra, a tal chamada Melote, e na cabeça tinham um capuz com desenhos de cruzes pequenas. Era este o hábito que usavam dia e noite; quando iam à Comunhão, depunham o cordão e a Melote. No convento havia repartições separadas conforme os ofícios dos religiosos. Cada repartição tinha um Prior. Os monges eram classificados por letras, sendo a letra A, que significava os mais santos e perfeitos, e a letra X, quando denunciava os menos fervorosos. Sempre três monges ocupavam uma cela. A comunidade toda se reunia só para as orações em comum e para as refeições, as quais eram tomadas em silêncio.
Seguindo o exemplo de Pacômio, sua irmã abandonou o mundo e, sob a direção do seu santo irmão, fundou um convento, que em pouco tempo contou com quatrocentas religiosas.
A fama da santidade de Pacômio espalhou-se no Egito e na Ásia Menor. Deus o distinguiu com o dom de profecia, e milhares de pessoas de todas as condições vinham para ouvir seus conselhos e buscar lenimento aos seus sofrimentos.
Pacômio morreu no ano de 348 e com ele cem monges, todos vitimados pela peste. A grandiosa obra do Santo persistiu. Setenta anos depois da sua morte, contava cinquenta mil religiosos. No século XII, existiam ainda quinhentos monges da Ordem de São Pacômio, num convento em Constantinopla. A Ordem prestou grandes serviços à Igreja Católica, nos tempos agitadíssimos das heresias orientais.
Reflexões
São Pacômio passava noites em oração. O mesmo lemos na Bíblia, que Jesus Cristo passava noites inteiras rezando. Prova isto que a oração deve ser coisa preciosíssima e necessária. Uma vida verdadeiramente cristã não é imaginável, sem que seja uma vida de oração. Os Santos todos eram amigos e cultivadores do espírito de oração. Para perder as almas, o demônio procura tirar-lhes o gosto, o amor pela oração. O cinema, os divertimentos, a paganização da moda, a má imprensa, o jogo e muitas outras coisas ainda têm sido e são instrumentos na mão de Satanás, para afastar os fiéis da prática da oração. Quem não reza cai em tentação, como aconteceu aos Apóstolos no horto das Oliveiras. Não só cairá em tentação: é capaz de perder a fé e, com a fé, todo o fundamento religioso. A oração é o termômetro da vida da alma.
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- PDF desse livro disponível em: https://archive.org/details/pe-joao-baptista-lehmann-na-luz-perpetua-vol-i_202312 ↩